O futuro da comédia
A reinvenção do humor ao longo dos tempos, segundo palestra do Rio2C com Caito Mainier (Porta dos Fundos), Helio de La Peña (Casseta & Planeta) e Patricia Pedrosa (Globo).
O Rio2C nos rendeu boas reflexões e uma delas foi sobre o futuro da comédia - um dos gêneros mais consumidos no Brasil em seus mais diferentes formatos e que vem se reinventando ao longo dos anos.
Com mediação de Thaísa Damous e presença da roteirista e diretora da Globo, Patricia Pedrosa, e dos grandes nomes do Humor Caito Mainer e Helio de La Peña, esse painel foi um dos que mais nos impactou – justamente pensando que grande parte dos creators que fazem parte da comunidade PlayNest buscam na comédia uma forma de se fazer entender, passar sua mensagem e criar conexões verdadeiras com um público que compactue do mesmo modo de se expressar.
A pandemia e o escapismo
A vida no cenário pós-pandêmico tornou o momento propício para o consumo de conteúdos de humor, que apesar de muitas vezes serem reflexivos ou críticos, abordam esses temas em uma perspectiva de escape da realidade que nos leva a máxima: o riso é uma experiência coletiva.
Se antigamente nossa maior forma de consumir humor era assistindo TV Aberta ou Fechada, com programas de auditórios e esquetes interpretados com o renome de artistas conhecidos no cenário nacional, hoje em dia esses formatos se expandiram para o digital e ampliaram a gama de criadores de humor dentro da cena artística. Diariamente alguém (até então) anônimo tem a possibilidade de emplacar um vídeo viral em alguma plataforma e se tornar conhecido por isso. A expansão do humor se tornou mais democrática, assim como a forma de compartilhar desse riso.
A nova fase do humor
Há uma década era normal que todos assistissem os mesmos programas e que debatessem sobre eles no dia seguinte, nos momentos coletivos. Era assim que eram criadas e fidelizadas as audiências. Hoje em dia com o consumo digital compartilhamos o humor do nosso interesse com os nossos amigos e, dessa maneira, criamos nossa própria rede nichada de conteúdo - construindo assim a nossa própria audiência.
Mas o que está em alta na comédia nacional atualmente? Nós separamos pra vocês!
Bora falar sobre tendências?
- Revivals: A nostalgia está em alta e tem muita gente surfando nessa onda. Estéticas antigas marcantes, formatos que costumavam ser utilizados, referências de programas, artistas ou quadros que marcaram a adolescência/infância da sua geração podem ser boas práticas para despertar a nostalgia do seu público!
- Renascimento das comédias familiares: aquelas comédias de cotidiano, que tratam de situações corriqueiras que todo mundo passa e se identifica. Thallysson Borges, Vittor Fernando e Fabão, por exemplo, são exemplos de influenciadores que aplicam essa prática muito bem nos seus vídeos!
- Comédias que são feitas a partir do olhar do proletariado e que ataca os poderosos: Quem não gosta de zoar rico e político né, gente? A atriz Maria Bopp, que interpreta a Blogueirinha do Fim do Mundo, reflete muito esse humor com as suas críticas políticas feitas enquanto faz seus tutoriais de maquiagem, por exemplo.
- Reality shows de humor: o Brasil é um dos países que mais consomem reality show no mundo e aqui o humor é o gênero predominante nesse formato, que é o queridinho das massas. Com isso, os influenciadores que amam fazer react também se propiciam desse cenário! Um case de alguém que estourou com isso foi o próprio Casimiro da CazéTV, que inicialmente reagia a realities por entretenimento próprio e que, após o sucesso, passou a ser parceiro de streamings para fazer reacts que ajudassem a expandir o alcance do novo reality ou temporada lançada.
- Gêneros híbridos: as chamadas romcoms (comédias românticas), dramédias (drama com comédia), terrir (terror com risada), ação com comédia... Essa fusão acontece porque esses são os gêneros que mais se assemelham a nossa realidade e fazem com que o público se identifique ainda mais com as referências trazidas.
Para fazer humor temos que pegar as referências do cotidiano. O banal e o corriqueiro, apesar de ordinários, são os que mais rendem identificação com as massas e, nesse cenário aonde a concorrência de creators do nicho do humor é grande, tudo que mais queremos é retenção de audiência, não é?! Por isso busque sempre desenvolver sua marca pessoal: busque criar um bordão, ter uma unidade estética, narrativa, um tom de voz que te acompanhe e que faça o seu público se sentir íntimo e conectado com a sua narrativa.
Antes de encerrar, vale mencionar dois cenários que a indústria humorística nacional se encontra e que é importante saber para compreender o andamento do mercado:
- Atualmente uma grande quantidade de projetos nasce a partir da perspectiva de um grupo que não tinha tido espaço para se expressar e agora tem – falam dos mesmos assuntos já falados, mas com outra perspectiva. Um ótimo exemplo disso é o “Paris É Brasa”, projeto desenvolvido para as Olimpíadas de Paris 2024 proveniente da parceria entre Play9, COB e YouTube Brasil – que promete compartilhar as Olimpíadas com o público através do olhar de um time de influenciadores que farão a cobertura total do evento.
- O grande desafio da indústria humorística no momento está sendo conseguir remodelar o cenário do humor consumido pelas massas na TV Aberta ou Fechada e trazer referências dessa nova forma de consumo digital para o analógico.
Esperamos que essa reflexão humorística te ajude na sua trajetória de criação! Se essa matéria te ajudou, não deixe de enviar para aquele amigo que também precisa de uns insights sobre o mercado de humor.